sexta-feira, 3 de junho de 2011

TENDE BOM ÂNIMO

O cirurgião ao abrir o abdome de um paciente, visando extirpar-lhe o mal que o aflige, por sua vez também o debilita e o enfraquece. Porém, depois da intervenção praticada, o médico nada mais pode fazer além de contar com a boa vontade do organismo do paciente em reagir. “Que Deus o ajude...”

Então, é cruzar os braços e rezar, por mais conhecimento, remédios e aparelhos de que se possa dispor.

Então é nesse momento que entra em cena a força da cicatrização, essa mesma magia que transforma o ruim em bom, o mal no bem, o triste no alegre, o errado no certo, o choro na alegria, a noite no dia...

Essencialmente é essa a força da vida, da natureza, do que deu certo nesse cosmos, essa força divina.

Se o osso quebra, o músculo distende, os dentes caem, a veia rompe, a pele rasga..., e mesmo sem médico, mesmo assim nada disso detém o homem, pois se há “ânimo”, seu corpo cicatriza, e se adapta, e prossegue em frente.

O mesmo acontece com a vegetação que se suprime, com as águas que se contamina..., com os solos que se revolve..., com o ar que se polui...

E é em função dessa força cósmica, que se pode afirmar que amanhã será um dia melhor do que hoje... ou nada como um dia após o outro... ou não há mal que sempre dure...

A força da semente que, mais cedo ou mais tarde, germina...

Mas se adoecemos, (e só se adoece quando se perde o “ânimo”), somos fadados à morte inexoravelmente.

E se morremos, caramba! Que força e rapidez de tempo é essa que nos decompõe e nos apaga? A necessidade de vida é tão imperiosa a ponto de se ter que sumir com todos os vestígios do que não vive mais, incorporando-o ao meio, à cadeia alimentar, ao cosmos. Se vivos, somos alimentados. Se mortos, alimentos.

O homem é um objeto da natureza. Dela vem e para ela vai. A natureza é o berço e não a mãe. Ela não adoece. Ela é a matéria-prima e não o produto. Ela permite a vida e ampara a morte, sempre! Ela compõe e decompõe. Ela não obedece, determina.

Vejam as imensas reservas de carvão mineral no subsolo do sul do Brasil, por exemplo. Quem diria... São originárias de uma imensa destruição da vegetação ali existente, soterradas por lavas de vulcão. E hoje, com tudo isso estamos aqui. É a natureza se reconstruindo.

E ainda tem cristão achando que o homem destrói a natureza, o planeta!

Se for isso, destrói também a Deus... E esse pensamento não é tão cristão assim...

"Homens de pouca fé!"

E então a gente depreende que a morte essencialmente faz parte da vida e que estar vivo, manter-se vivo e com ânimo, é o que Deus deseja.

A vida é uma imposição da natureza e divina, onde a morte é apenas um mecanismo de melhorar a qualidade dessa vida, tornando o ser humano (os seres vivos) mais resistente e mais adaptado e preparado para viver nessa dinâmica universal.

E nesse aspecto percebe-se que o homem equivocadamente preocupa-se em manter preservada a biodiversidade, interrompendo, em algumas espécies, seu ciclo de nascimento e morte, ignorando a força da natureza, simplesmente por interesses econômicos e não pelo aprimoramento das espécies, da vida, no planeta.

Desculpem-me os conservadores, mas nossos filhos são e sempre serão mais ágeis e melhor adaptados do que nós. Por isso, nós os pais, temos que morrer.

Assim funciona o cosmos e não há nada que detenha essa força que o impulsiona para a vida, pois fosse de outra forma não estaríamos aqui hoje.

Então não nos preocupemos com a natureza. Preocupemo-nos conosco, com a nossa boa vida nessa Terra, e com qualidade. E nesse aspecto, nós os pais, temos um novo papel a desempenhar, que a vida em sociedade nos impôs. Ou seja, a nossa socialização.


“Um mundo melhor para os nossos filhos, ou filhos melhores para o nosso mundo?”

Agredimos mais a natureza quando concentramos os recursos naturais disponíveis em alguns poucos em detrimento de outros tantos... Agredimos ela quando produzimos pobreza e iniquidade... Quando produzimos pessoas fracas e oprimidas... Quando cometemos injustiças e violências... Quando matamos deliberadamente... Quando prorrogamos a todo custo a vida no planeta.

Somos nós, os humanos, que promovemos o “desânimo” em nós mesmos, nos animais e nas plantas. Provocamos a fome, a miséria e a debilidade, ao passo em que a natureza disponibiliza-se para todos e sempre. Pois a natureza, por si só cicatriza. Nós? Só se tivermos ânimo.

Assim disse Jesus: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” JOÃO 16,33

Mauro Zurita Fernandes