quarta-feira, 2 de março de 2011

As tragédias Técnica e Política de Nova Friburgo/RJ

Tragédias em Nova Friburgo. A técnica e a política.

Segue uma visão puramente Técnica e bem simples mesmo. Além disso é puro exercício de Política.

Uma madrugada de altíssimo índice pluviométro, antecedido por um mês inteiro de chuvas diárias e quase que constantes foi a gota dágua desse desastre que provocou inúmeros deslizamentos de taludes e os consequentes assoreamentos e inundações de leitos fluviais em algumas partes do município de Nova Friburgo/RJ.

Nesse contexto puramente natural de peneplanização, no processo de evolução das vertentes, estão inseridas as ações antrópicas (abertura de vias de acesso, construção de imóveis, torres de transmissão de energia e telefonia, etc...) que inexoravelmente resultam em atos de supressão de vegetação, exposição e escavamento de solo, e que vão permitir a penetração das águas das chuvas com muito mais facilidade o que acaba desencadeando a aceleração desses processos erosivos.

Assim, e só por isso, um fenômeno natural passa a ganhar contornos de tragédia humana.

E infelizmente não há novidades. É lugar comum mesmo! As áreas mais propensas a sofrer esses processos erosivos são mesmo as áreas de que trata o artigo 2º do Código Florestal.

Ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal; Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; Nas nascentes, ainda que intermitentes; No topo de morros, montes, montanhas e serras; Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; Em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; E no caso de áreas urbanas, tudo isso, além de outras maiores restrições.

Estas seriam, em tese, as áreas de risco.

Resta-nos mapear essas áreas no município de Nova Friburgo e promover a total anulação de qualquer ação antrópica, com a consequente retirada de habitações, estradas, instalações eletrotécnicas e de telecomunicações, etc... promovendo a todal recomposição natural dessas áreas.

Pronto! E todos os eventos naturais de evolução das vertentes não terão contornos de catástrofe.

Essa é a receita, simples, e onde termina a questão puramente Técnica.

E se, por acaso, concluirmos que isso é impraticável, então eu concordo com a ONU que invoca altos investimentos em prevenção antecipada de cataclismas, e sugiro comprar milhares de cirenes para serem acionadas em momentos de grandes precipitações “gritando” para que os humanos troquem, às pressas, seus pijamas e sandálias por capas e galochas e corram para “locais seguros”.

Mauro Zurita.

"É preciso saber separar a administração da política mas antes de mais nada, é
preciso não subordinar a administração à política. A teoria e a prática de uma e
de outra complementam-se no interesse do pais, mas toda vez que este equilíbrio
é violado, pelos excessos da técnica ou pelos da política os governos arrastam o
país para dificuldades." Oswaldo Aranha/1935.